NÃO REGRESSARAM
- Luís Rodrigues Franco
- Mário da Conceição Caixeiro
- Albino Carneiro Oliveira
CAMARADAS QUE JÁ PARTIRAM PARA O ETERNO ACAMPAMENTO:
Joaquim de Sousa Barbosa
José Man. Ferreira S.Viana (Fur.)
Adelino de Sousa Costa
Agostinho Araújo Carvalho
Carlos Manuel Castelo Dias
João Luís Almeida Caliça
António Delfim de Carvalho
António J. Salvaterra Bernardo
Eliseu da Conceição Caetano
Feliciano Vieira Henriques
Francisco Tavares Carvalho
Ilídio Lopes Alves
João Ramiro Cardoso Figueiredo
José Agostinho António
Vítor Manuel Conceição Honorato
Luís José Campos Silva
Armando Vitorino Pinheiro
Armando Martins Filipe
Diamantino Arsénio Amaral
Fernando Pinheiro Monteirinho (Sarg.)
José Manuel Jesus Pedro (fur.)
Moisés de Jesus Marques
Manuel Vieira Godinho
Nuno José Pereira dos Santos
Frankelim Arménio Costa
Leonel Antunes Valente
Abílio Manuel Almeida Gramatinha
Agostinho António Pereira
Alberto da Cruz Gomes
António Augusto Ferreira Xico
Bartolomeu Rito Loureiro
Luis Alves Ferreira
Luis Rodrigues Franco
Manuel António Oliveira Franco
Vitor Alves Pires
O ALFERES BARBOSA Um grande companheiro de guerra. Um grande amigo dos homens que comandou. A sua grande preocupação era o bem estar do seu pessoal e o regresso de todos os que partiram no Niassa, com destino à Guiné. Tive o prazer de o conhecer na quinzena de campo. O famoso I.A.O. sigla que ainda hoje não sei decifrar, mas que todos os mobilizados para a guerra, tinham de fazer. O Comandante de campo, o tristemente famoso Capitão S. Martinho, não fazia parte dos mobilizados e que há muito saiu do baú da minha memória, por não merecer lá estar, era de trato rude e de uma exigência inqualificável, para quem dentro de dias ia ser “carne para canhão”. Numa das acções que decidiu promover, foi uma operação de 24 horas de marcha contínua carregados como se estivéssemos no teatro de guerra, parte dela passada dentro de um riacho. O Barbosa lá seguiu a comandar os três grupos de combate, “esqueceu-se do riacho” e como altas horas da noite, nos sentisse cansados e gelados (estávamos em Março), ao deparar com uma fábrica de cerâmica, com pilhas de lenha seca para aquecer os fornos, o nosso amigo e comandante Barbosa, não hesitou em dar ordem para estacionarmos e num ápice apareceram algumas fogueiras. Creio que quase ninguém conseguiu dormir, mas pelo menos o frio foi combatido e afastado Manhã cedo, lá partimos de novo e quando nos preparávamos para regressar ao acampamento, aparece-nos (de jeep), o comandante. Uma repreensão verbal e violenta ao Barbosa em frente dos seus homens e uma ordem para voltarmos para trás e fazermos o caminho pelo riacho, sem ração alimentar, esgotados e anímicamente destruídos. O Barbosa, não escapou a um castigo regulamentar que o impediu de vir gozar à Metrópole um merecido mês de descanso. Na Guiné tornou-se o ídolo dos homens do grupo de combate que comandava, o 1º Pelotão e de toda a Companhia. A preocupação pelo bem estar, de todos, a relação pessoal que conseguiu manter, em que conseguia ser mais um do grupo, sem deixar de ser o Alferes Barbosa, na missão que exercia, granjeou a amizade e a admiração da rapaziada da Companhia. Após o regresso tive o grato prazer de conviver com ele e sua família bons momentos da vida. Sempre o mesmo espírito. Homem de carácter, aberto, franco e leal. Um verdadeiro amigo. Daqueles que se dá tudo para não perder. Em conjunto revivemos muitos pormenores da guerra que ambos não quisemos fazer e que nos marcou tanto. Em conjunto, sonhamos, planeamos e organizamos os primeiros convívios da Companhia. Nunca quis que o nome dele aparecesse na organização. Todos os anos lá estava. Foi o único Alferes que nunca faltou. Dos outros, reza a história que só um aparece de vez em quando. Há anos uma doença grave começou a roer-lhe a vida. Detectou, em sequência de uma queda na banheira em que a ferida se recusava a cicatrizar. Estava diabético. Iniciou então uma luta contra a morte, mas a diabetes teimava em progredir. Em poucos anos, teve de cortar um pé, depois a perna e depois iria o outro pé. Já estava no Hospital à espera de ser operado, quando a morte o visitou e afastou do nosso convívio. Paz à sua alma. À Olímpia, sua esposa e amiga tão querida quero dedicar este memorial e dizer-lhe que o seu “Quim” está no nosso coração de Maiorais. Muito há para escrever sobre este grande camarada. Aqui fica o desafio. Quem vai ser o primeiro ?